Essa passagem
é muito conhecida de todxs nós. Uma mulher pecadora chega onde não foi
convidada e, num ato de adoração extravagante, se derrama aos pés de Jesus. E
ali, aos pés dele, ela derrama suas lágrimas e seu perfume caro, sua riqueza.
Os discípulos e outros que estão com Jesus a criticam no seu íntimo, afinal,
ela não havia sido convidada... Ela era uma mulher... Ela era pecadora... Ela
desperdiçava o que poderia ser gasto com os pobres... Ela era inconveniente.
Sempre admirei
essa mulher e sempre fui muito edificada por essa passagem. Foi através
dessa passagem que, pela primeira vez, fui desafiada a me despir de
pecados ocultos. Foi através dessa palavra que me vi desafiada a me derramar
completamente aos pés de Jesus. Foi através dessa palavra, num momento
pessoal de adoração, que me vi chamada a andar junto com os pastores
responsáveis por conduzir a adoração na minha igreja - posição essa que hoje eu
e meu esposo ocupamos. Essa passagem sempre foi muito importante na minha
caminhada cristã.
Hoje, uns dez
anos após meu primeiro contato marcante com essa passagem, me encontro diante
dela novamente. Mas ela não parece a mesma. Apesar de me inspirar as mesmas
coisas que antes, parece me mostrar um caminho diferente para alcança-las.
E isso por um simples motivo - eu não tenho mais os pés de Jesus para ungir! Na
verdade, nunca tive. Mas sempre procurei viver essa mensagem como se tivesse
Jesus aqui para ter seus pés lavados pelas minhas lágrimas. Mas não tenho. Tudo
o que tenho hoje são os pobres.
Derramar suas
lágrimas e sua riqueza aos pés de Jesus foi louvável, foi digno de honra,
justamente porque ter o corpo dele ali era temporário. Jesus disse: "Ela
fez para mim uma coisa muito boa. Pois os pobres estarão sempre com vocês e, em
qualquer ocasião que vocês quiserem, poderão ajuda-los. Mas eu não estarei
sempre com vocês" (vs. 6,7 - NTLH).
Não tenho mais
os pés de Jesus para derramar lágrimas e riquezas. Mas tenho os pobres. Aquela
mulher fez o que deveria fazer naquele momento. Priorizou o que deveria
ser priorizado. Hoje sou inspirada a fazer o mesmo. Ainda sou inspirada a
ser uma adoradora extravagante, mas o caminho não me parece mais ser o mesmo...
Não me parece que seja chorar num momento de adoração e intimidade, pela
presença sensível do Espírito Santo... Pelo menos, não apenas. O caminho que
tem se apresentado para viver essa mensagem são os pobres. Afinal, eles estão
aí! E não apenas os pobres pela ausência de dinheiro, mas pela ausência de
atenção, de cuidado, de misericórdia, de esperança... Eles continuam aí.

Acho que
percebo, enfim, que posso viver o que aquela pecadora viveu com apenas uma
diferença: não toco Jesus fisicamente. Toco Jesus apenas quando consigo tocar
os pobres.
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