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sábado, 8 de fevereiro de 2014

A insegurança de Gideão - Jz 6,7

Deus tinha dito a Gideão que livraria Israel por seu intermédio. Assim, no vs. 34 do capítulo 6, Gideão é revestido pelo Espírito do Senhor. Deus o enche de poder e autoridade para cumprir a missão para a qual fora chamado. Cheio de autoridade, Gideão toca a trombeta e todos os abiezritas se reuniram a ele. 
O toque da trombeta é uma convocação à guerra. E, quando Gideão a tocou, reuniram-se a ele aqueles que, espontaneamente, se dispuseram a batalhar; aqueles que, provavelmente, já tinham em seu coração o inconformismo necessário para lutar. Porque para guerrear é necessário estar inconformado. Creio que para se lutar com vontade e determinação é preciso que o ideal que move o general mova todos os soldados. E, naquele momento, este sentimento de inconformismo estava presente em todos os abiezritas e, por isso, se reuniram a ele. 
Gideão, no entanto, não achou suficiente para a batalha aqueles que se dispuseram para ela. Provavelmente ele pensou que eram poucos para lutar contra os midianitas. Então, enviou mensageiros que percorressem toda a tribo de Manassés, além de Aser, Zebulom e Naftali, que eram vizinhas.
Para compreender o que Gideão fez é preciso ter em mente a divisão territorial das tribos. Gideão pertencia à tribo de Manasses, que possuía um território muito grande, dividido entre os dois lados do Jordão – Manassés do Leste e Manassés do Oeste. Os abiezritas eram apenas uma das famílias que pertenciam a esta tribo. A tribo de Naftali fazia fronteira com Manassés do Leste; Zebulom e Aser, com Manassés do Oeste. Ou seja, as tribos às quais Gideão enviou mensageiros eram vizinhas. 
Deus dissera que livraria a Israel por seu intermédio, mas Gideão se achava muito pouco. Então, convoca seus vizinhos. Muitas vezes Deus nos envia a realizar algo, algo que ele quer de nós. Mas, por medo, insegurança, convocamos outras pessoas a fazer conosco aquilo que Deus quer de nós.  
Gideão, se sentindo inseguro, pensou que quanto mais pessoas estivessem ao seu lado, mais fácil seria vencer. Ele não estava confiando na Palavra do Senhor, mas na força dos seus exércitos. Mas Deus não divide sua glória. Então, no vs. 2 do cap. 7, Ele diz: “É demais o povo que está contigo”. No vs. 3 desse mesmo capítulo, Deus manda que voltem os tímidos e medrosos. 
Deus havia dado uma ordem a Gideão. Quando ele tocou a trombeta, e os abiezritas se reuniram a ele, ele estava representando a voz de Deus convocando o povo à batalha. Os abiezritas, portanto, se reuniram em atendimento à voz do Senhor. Estavam ouvindo o shofar tocar e, por isso, se reuniram.  
Os outros, por outro lado, atenderam a voz de Gideão. Entre estes, haviam medrosos e tímidos. Muitos destes haviam ouvido a trombeta tocar, mas não atenderam. Talvez justamente por ser tímido e medroso. Ou não entenderam que a responsabilidade era deles também. Esperaram que alguém responderia ao chamado de Deus e libertaria o povo. Ele não precisava se envolver com isso. Outro, talvez, ouviu o toque, mas estava muito ocupado se escondendo dos midianitas. Enfim, só se reuniram ao toque do shofar aqueles que estavam prontos para a batalha. Os que vieram depois estavam atendendo o chamado de um homem. Não tinham o coração inconformado. Atendeu por conveniências sociais. Afinal, pegaria mal não ir, né, todos estavam indo... 
Gideão quis “ajudar” a Deus, convocando mais pessoas além daquelas que tinham atendido o chamado de Deus. Mas Deus não precisa de ajuda. Ele sabe com quem pode contar e não precisa de multidões para vencer. Precisa de soldados que estejam dispostos a atender ao Seu chamado. 

Deus tem convocado esta geração para preparar a Sua vinda. O shofar tem soado a rebate convocando aqueles de coração inconformado com este mundo, aqueles que anseiam a vinda do Senhor, dispostos a trocar seus sonhos e seus planos pelos sonhos e planos de Deus. Você é uma dessas pessoas com os ouvidos prontos a ouvir o chamado de Deus ou está esperando um chamado vindo de homens para começar a pregar o evangelho? 
Muitas daquelas pessoas que se reuniram atendendo ao chamado de Gideão haviam, antes, ouvido o toque do shofar, mas não atenderam. Elas tiveram a chance de fazer parte daquele livramento, mas não atenderam. Quando decidiram ir, Deus rejeitou a motivação do coração delas. Não tinham ido quando Ele convocou, por que iriam participar agora? O chamamento de Gideão era mais importante que o Dele? 
Muitos de nós têm ouvido o toque do shofar. Temos sentido, dentro de nós, a necessidade de pregar o evangelho, de ganhar almas, de exortar o povo a voltar aos caminhos do Senhor. Mas, como aqueles, esperamos que alguém nos mande fazer. Esperamos que chegue um líder a nós e nos diga: “Meu irmão, Deus está te chamando para pregar”. Ora bolas, Deus já não tem falado isso ao teu coração? Então por que esperar que um homem fale? É necessário um título de missionário para cumprir o papel de um? É necessário um título de pastor para o ser? É preciso que lhe digam que você é um evangelista para que você evangelize? Se sim, tenho que lhe dizer que, como a maior parte do exército que Gideão reuniu, você será rejeitado. 
E você líder? Está disposto a ir à batalha com o exército que Deus tem lhe dado, ou vai ficar, como Gideão, reunindo pessoas com suas próprias mãos, com o esforço dos seus próprios braços? Quantos líderes distribuem autoridade que não foi dada por Deus. Ungem pessoas a quem Deus tem rejeitado, por medo e timidez de ir à batalha com as poucas pessoas fiéis que têm ao seu lado. Às vezes você olha para suas fileiras e, como Gideão, acha que são poucos demais. Você até tem 12. Mas desses, você sabe que Deus só te deu 5. Os outros 7 você mantém porque, afinal, você precisa ter sua equipe de 12. Então, vai à batalha com medrosos e tímidos e não entende porque não rompe. Lute com o exército que Ele lhe deu que Ele o honrará!

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