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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Humildade - João 13

Temos conhecimento de que Jesus era o próprio Deus encarnado, que, esvaziando-se de Si mesmo, abriu mão de Sua glória, Se humilhou e tomou posição de servo entre os homens (Fp 2.6-8). Só o fato de ter deixado o Pai, toda a Sua glória, Seu conforto, Sua posição ao lado do Todo-Poderoso para tornar-se um de nós, nascido de mulher, sujeito a pecar e entristecer a Deus, já demonstraria uma humildade tamanha que a maioria de nós sequer pensou um dia ser capaz. Não temos sido capazes de nos despir de nossos títulos terrestres, de nossas posições, nem de nossas opiniões... Imagine se tivéssemos um assento ao lado do mais poderoso senhor do universo!

Mas a decisão de morrer uma morte de cruz pela humanidade, pecadora e rebelde contra Deus, não era o máximo de humildade de que nosso Senhor era capaz. Numa reunião de discipulado, ele simplesmente despe-se, cinge-se de uma toalha, ajoelha-se e põe-se a lavar os pés daqueles que deveriam servir-lhe. Sua grande lição de humildade não pára por aí, pois o versículo dois nos diz que o diabo já tinha contaminado o coração de Judas para trair a Jesus. E, no verso 11, ficamos sabendo que nosso Jesus já o sabia. 
Que tremendo! Jesus sabia que Judas, seu discípulo, que foi alimentado por suas palavras, que foi fortalecido por suas orações e jejuns, que recebeu vida nova e eterna pela sua humilhação... Já pensou nisso? Que todos nós, assim como Judas, somos abençoados com a vida abundante de Deus porque – e só porque – Jesus decidiu se humilhar? Se Jesus preferisse a glória de estar ao lado do Pai, você e eu seríamos eternamente escravos do pecado e pagaríamos seu preço – a morte eterna. A vida eterna é fruto da humilhação voluntária do nosso Senhor. 
E Jesus, sabendo que havia de ser traído por Judas, a quem tanto amou e tanta atenção devotou, lavou seus pés. Jesus lavou os pés de Judas. Os pés daquele que havia de O trair. E você? De quem você tem lavado os pés? Diante de quem você tem se humilhado? Você que é homem ou mulher, sujeito ao pecado, e alvo da graça de Deus, você pode dizer que alguém tem se beneficiado da sua humilhação? Ou você não consegue considerar ninguém superior a você mesmo? Diante de quem você tem se sujeitado? 
Às vezes até conseguimos nos sujeitar a quem é superior a nós e enchemos a boca para declarar que somos sujeitos à autoridade, não somos rebeldes. Mas esse não é o maior mandamento que Jesus nos deixou. Na verdade, não é nem o segundo maior. Sabemos que o maior mandamento é amar a Deus acima de todas as coisas. E o segundo amar nosso próximo como a nós mesmos (Mc 12.30,31). Amar o próximo como a nós mesmos pode se resumir em: “não faça com teu próximo aquilo que você não gostaria que fizessem a você”. 
Continuando nosso texto de estudo, no entanto, no versículo 34 Jesus diz: “Novo mandamento vos dou: que vos amei uns aos outros”. Quando li, pensei: esse mandamento não é novo. É o mesmo que o segundo maior mandamento, de Marcos 12.31. Mas, como já era de se esperar, Jesus não se enganou, e sim eu, o mandamento é novo porque não devemos mais amar ao próximo “como a nós mesmos” (Mc 12.31), mas sim “como ele nos amou” (Jo 13.34). De acordo com o mandamento de Jesus, já não basta não fazer aquilo que não gostaria que fizessem comigo, mas devo ir além – devo amar como Jesus me amou. 
Como Jesus nos amou? Como Ele nos ama? Ele disse que pelo amor que praticássemos uns com os outros o mundo conheceria o amor dele por nós. Já que é assim, Ele deve esperar que eu acerte para me amar. Ele só me ama quando estou certa, quando estou errada ele me rejeita. Ele com certeza se ofende com cada palavra errada que falo. Sem dúvida, Ele espera a primeira oportunidade para me pagar na mesma moeda. Ele escolhe com quem se relacionar – ama mais uns do que outros. Jesus ama mais aqueles que tem mais dinheiro e posição, com certeza. Deve ser assim, pois é assim que temos nos amado uns aos outros. 
Nosso amor, nem de longe, se compara ao de Jesus. Não nos humilhamos. Ao contrário, lutamos por posição, lutamos para defender nossa autoridade. Lutamos “para defender nosso ministério”. Lutamos uns contra os outros ao invés de nos amar uns aos outros. 
A grandiosa lição de Jesus não foi ter lavado os pés de Pedro ali, que demonstrou uma atitude de total entrega e submissão (vs. 6,8).  A grandiosa lição de Jesus para nós foi ter lavado os pés de Judas, que iria traí-lo dali a alguns instantes. E observe o que ele diz que seu ato significa: “Se eu não te lavar, não tens parte comigo” (v. 8). Então, lavando os pés de Judas, Jesus estava reafirmando, de Sua parte, a aliança. Estava dizendo: “Estamos juntos nessa!”. Jesus não desistiu – amou-o até ao fim. 
Se você quer cumprir o segundo maior mandamento, amar o próximo como a você mesmo, lave os pés dos Pedros de sua vida. Se humilhe diante do seu próximo, se coloque como igual. Saia do seu pedestal, dos seus problemas, de você e abra-se para o outro, fazendo-se igual a ele. Agora, se você quer seguir o novo mandamento que Jesus nos deixou, amar o próximo como ele nos amou, você deve também lavar os pés dos Judas que existem por aí. Humilhe-se diante daquele irmão que se acha o tal. Ame-o. Perdoe mais uma vez aquela irmãzinha que feriu você, com palavras ou atitudes. Ame-a. Ignore as calúnias que mais uma vez levantaram contra você dentro da igreja. Ame a noiva do Senhor. Resumindo, ame o próximo como Jesus amou você! 

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